
Ninguém sabe quando a pandemia terá fim, nem quando poderemos voltar a nos aglomerar na frente dos palcos para deixarmos um pouco de lado as programações online. Mas uma certeza é que todos os dias tem show no Instagram de Teresa Cristina, com convidados especialíssimos que vão de Marisa Monte a Caetano Veloso. Se bobear, até o João Bosco aparece, ou o Gil, ou o Charles Gavin.
Sem uma superprodução, a cantora se coloca em frente da câmera, no quarto do filho, e divide com os espectadores muita música, bom papo, capelas, improvisos, riso largo e também lágrimas de emoção. Em entrevista ao Set Guaíba, a rainha das lives falou sobre a música brasileira, racismo, a demonização da cultura e o que a mantém de pé nesse período. “Nós não estamos derrotados. A gente tem que ter coragem para poder passar essa fase ruim. E ao mesmo tempo, a gente precisa entender que o Brasil já passou por situações piores e conseguiu se reerguer. Eu tenho muita esperança que a gente vai conseguir sair dessa”, disse.
Teresa Cristina Macedo Gomes nasceu no Rio de Janeiro em 28 de fevereiro de 1968. No final dos anos 90, começou a cantar na Lapa. Um exercício cruel, mas também uma escola. “O que você aprende, você não erra mais”, comentou ela, comemorando o fato de que cantar na noite proporcionou uma bagagem de repertório e de conhecimento musical que fazem diferença nas lives.
Em 22 anos de carreira, sempre passou longe de conseguir patrocínios. O primeiro chegou agora, após suas apresentações online terem se tornado um grande fenômeno desse período de isolamento. “Percebo outras cantoras negras, que cantam repertório próximo ao meu, que também têm essa dificuldade. Nós, mulheres negras, estamos acostumadas a estarmos sempre no final da fila, aguardando um momento em que algum salvador vai chegar e tirar a gente de onde a gente está. Isso acontece muito e é difícil”, relatou a cantora.
Teresa reconheceu estar cansada. Cansada do racismo, das mortes em razão do coronavírus, da forma como o combate à pandemia está sendo conduzido no Brasil e exausta de reafirmar o óbvio. “Imagina o cansaço que dá você ter que afirmar para uma pessoa que a Terra é redonda. Que a ciência é importante. Que os cientistas não trabalham em cima de achismo. A pessoa que tem que ser mais ouvida numa pandemia, que está matando tanta gente no mundo inteiro, não é o tiozinho do Zap… É o cientista! Não é o governante ignorante”, lamentou.
E no meio desse turbilhão, novamente a arte é citada como único respiro. “A música brasileira tem um destaque, um padrão de beleza que é muito imponente. O mundo inteiro respeita a música brasileira. E agora, num momento em que o Brasil é chacota no mundo inteiro, com a atitude que está tendo diante da morte, acho que é um bom lugar pra gente se achar e ter orgulho da nossa música, dos nossos artistas, das pessoas que fazem parte dessa história. A história da música brasileira é vitoriosa. E eu acho que, nesse momento, de tanta treva, poder achar um lugar onde a gente sinta orgulho de ser brasileiro é muito válido. É o que tem me mantido de pé”, finalizou.

Estou adorando passar alguns dias na live dela, tu viu o dia com a Baby?
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