Em meio a uma intensa agenda que incluiu 140 dias de viagens internacionais, o aclamado diretor Kleber Mendonça Filho aterrissou no Brasil para a aguardada estreia nacional de “O Agente Secreto”. Representante brasileiro na corrida por uma indicação ao Oscar 2026, o longa chegou aos cinemas na última semana carregando prestígio internacional e o desejo de dialogar com o público brasileiro, especialmente o mais jovem.

Com o lançamento em território nacional, o cineasta pernambucano esteve em Porto Alegre, onde participou de duas sessões especiais na abertura do XIII Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre (FRAPA). Em conversa exclusiva ao Cultura a Diesel, ele expressou um misto de satisfação e intensidade. “É muito forte, é muito intenso, porque tem duas frentes: a parte internacional, que me manteve viajando… E chegamos agora para divulgar o filme no Brasil. (…) Então é tudo que eu pedi ao Papai Noel muitos anos atrás”, disse, sorrindo.

— Cuidado com o que você pede, né? — interrompi. 

— É.. muito cuidado! — respondeu aos risos. 

Mais do que o sucesso de crítica, Mendonça Filho destaca a importância de o filme chegar ao público. “Eu adoro poder fazer um filme e o filme ser visto. Quero que ele seja muito visto no Brasil. Do Rio Grande do Sul ao Amazonas, de leste a oeste”, afirmou o diretor, acrescentando que espera alcançar “principalmente os estudantes, os jovens. Eu acho que é um filme que fala muito sobre o nosso país”.

O cineasta celebrou também a crescente capacidade de diálogo com os espectadores, lembrando o histórico de seus filmes: “O Som ao Redor” alcançou 100 mil espectadores, “Aquarius” chegou a 400 mil, e “Bacurau”, 800 mil.“Essa capacidade de estabelecer um diálogo com o público é essencial. É claro que eu faço filmes que são muito autorais e pessoais, mas é claro também que eu quero me comunicar”, reforçou.

Após a estreia, “O Agente Secreto” liderou o fim de semana nos cinemas do Brasil e já foi visto por cerca de 340 mil espectadores. Segundo a Comscore, o longa atingiu a marca após as sessões de pré-estreia (cerca de 57,4 mil ingressos) e o lançamento oficial, na quinta-feira passada, que movimentou cerca de 280 mil espectadores na maior abertura de um filme brasileiro em 2025. O resultado nas bilheterias reflete a alta expectativa do público sobre a produção que vem representando o Brasil pelos principais festivais de cinema do mundo, além de reforçar o crescente movimento de reconexão entre os espectadores brasileiros e o cinema nacional. 

Além do movimento nas bilheterias brasileiras, o filme segue fazendo barulho também nos festivais internacionais. No fim de semana, Wagner Moura recebeu novo prêmio de melhor ator por sua atuação no longa, dessa vez no Newport Beach Film Festival, nos Estados Unidos. A produção já acumula quase 20 prêmios (veja lista completa), incluindo os de Melhor Diretor (Kleber Mendonça Filho) e Melhor Ator (Wagner Moura) em Cannes, onde fez sua estreia mundial. 

Essa parceria com Wagner Moura, cuja participação era um desejo antigo de Kleber Mendonça Filho, é um dos pontos altos. O personagem foi escrito especialmente para ele, com o objetivo de desafiá-lo em um papel inédito, sem ignorar o peso de interpretações marcantes como a do Capitão Nascimento. “Wagner era alguém com quem eu queria trabalhar há muito tempo. Eu acho que ele tem tudo e confirmei fazendo o filme. Ele tem muito carisma e a câmera adora ele. Ele desperta muita empatia e é uma grande pessoa”, afirmou Mendonça Filho.

Depois de estrear nos cinemas da Alemanha e de Portugal, o lançamento internacional agora segue para a América do Norte, onde chega às telonas de Nova York no dia 26 de novembro, seguindo para Los Angeles, no dia 5 de dezembro, e, posteriormente, expandindo seu alcance para todo o circuito norte-americano. Na França, o lançamento acontece no dia 17 de dezembro. “O Agente Secreto tem muito prestígio internacional. Estamos muito bem posicionados para isso”, avalia o diretor. Com o entusiasmo do público brasileiro, com uma possível indicação ao Oscar, contudo, o momento é de focar em um passo de cada vez: “Vamos semana por semana, né? Vamos por partes, vamos aos poucos”.