
Não me esqueço da sensação que tive ao assistir a Flor ET ao vivo pela primeira vez. Foi durante a passagem de som do “Camila Diesel Entrevista”, meu projeto para o YouTube. Não costumo me jogar no escuro e fui atrás de material nas redes quando a minha parceira no projeto, Thai Ribeiro, sugeriu esse nome que me intrigou já de cara. Ouvi e gostei. Beleza. Bora! Só que eu não sabia que ia ficar tão impactada pelo som executado ao vivo. Uma batida funckeada precedia um som de sax, que viria a se transformar em uma grande celebração à força feminina. Já fazia um tempo que eu não me sentia assim tocada por algo novo.
A letra dizia “Nada é à toa, não / Ô, mulher / Não tenha medo de ser quem tu é”. Era o segundo episódio que eu gravava com plateia e aquelas palavras foram certeiras. “Seja forte, feroz / A luz, o fogo, a chama / Sejamos livres de cabeça erguida”, continua a música.
“Guerreira” fecha o disco Futurotrópica, lançado em agosto nas plataformas digitais. Com produção musical de Alexandre Birck, do Estúdio Sangha, o álbum traz onze faixas autorais em uma consistente e coerente explosão de ritmos e sonoridades. Em seis anos de existência, a Flor ET lança o primeiro disco com a segurança de quem realmente sabe a que veio. Tendo como um dos pilares a liberdade para criar sem se prender a padrões de gênero musical, o grupo aposta em efeitos, guitarras limpas e rasgadas, piano muito bem executado, baixo suingado, além de saxfone e triângulo – estes dois tocados pela vocalista, Ada Bellatrix.
As letras, compostas por ela e por Mário Ferreira, trazem temas sociais e políticos explícitos como em “Cara Feira” e “Bambas da Laranja”, mas também reflexões pessoais e emotivas não tão evidentes como em “Ciclo” e “Vermelho”.
Em termos sonoros tem de tudo mesmo: de valsa a samba a rock a psicodelias… As faixas são bastante diferentes entre si mas conseguem compor um cenário coeso e vibrante. Este mesmo cenário é impresso no palco pelos integrantes – que, além dos já citados, são Daniel Ribeiro, Diego Vogt e Rafael Zanette.
Pude acompanhar o show de lançamento no dia 07 de setembro, no Agulha em Porto Alegre, e me chamou a atenção a unidade entre eles. Assim como o som que fazem, fica bem claro que cada um tem uma personalidade diversa e que encontraram o tom equalizador que torna o trabalho coerente. Além claro, de energia, entrosamento, estética, ensaio e talento.
Permita-me, caro leitor, fazer referência a grande maestrina da noite: Ada Bellatrix. Me encantou sua desenvoltura e afinação. Cantou, pulou, marchou, gritou e empolgou a plateia quase lotada. A noite ainda contou com as participações especiais dos artistas Sara Nina e Natê.
Que sigam com a força guerreira de ser quem são e mostrando aos desavisados que tem música autoral de qualidade sendo feita por aqui, sim!
.
Dois videoclipes do álbum mais recentes estão disponíveis e vale conferir:
