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Chega essa época do ano e todo mundo tem vontade de ouvir Então é Natal, da Simone, certo? Errado. A verdade é que quase ninguém mais aguenta esse tipo de canção. E não tiro o mérito da Simone, que é um grande nome da nossa música brasileira. Aliás, o disco Café Com Leite (1996), com músicas do Martinho da Vila, foi a minha introdução ao samba. Foi um dos meus primeiros CDs comprados, no auge dos meus nove anos, e quase furou de tanto tocar no 4 em 1 da minha irmã. Eu tinha uma rata de pelúcia gigante (era enorme perto do meu tamanho na época) e o nome dela era Madalena. Homenagem óbvia à faixa de número 4, Madalena do Jacú.

Tento me lembrar o que foi que me fez comprar aquele disco. Simone não era ouvida na minha casa. Muito menos por minhas amigas de colégio, que priorizavam artistas como Chiquititas, Xuxa e Claudinho e Bochecha. Não que eu não ouvisse esse tipo de música. Ouvia. Muito. E coisas ainda mais pesadas como Sandy & Jr., mas aquele disco me fascinou.

Fim de ano sempre era muito movimentado pra mim. Eu fazia parte de grupos de teatro, dança, coral, violão… e não há nada mais atraente para esses coletivos do que celebrações de fim de ano. Eram muitas apresentações. Imagina você a minha alegria de, ao começar os ensaios preparatórios, descobrir que a música que cantaríamos seria da Simone. Era Então é Natal. E eu cantei com toda a capacidade dos meus pulmões. Eu só não entendia muito bem aquilo de “Hiroshimanagasakimururoaha…”. Mas eu entoava aquele hino natalino com o maior afinco.

Obviamente, com o passar do tempo, a música começou a me cansar. A mim e a quase toda população do Planeta Terra. E o Natal também deixou de ter o significado que tinha na minha vida. Nunca foi religioso, mas hoje é ainda menos. Na adolescência desenvolvi uma certa revolta e criticava e execrava e ironizava todo esse frenesi a respeito das celebrações natalinas. A fase heavy passou e hoje entendo o sentimento. Não o sinto, mas entendo.

Algo de legal que tem nessa época de ano são os movimentos de solidariedade. E antes de seguir falando sobre isso, te convido a dar o play na música aqui em baixo. Primeiro ouve. Sério. Depois te explico. É importante. Ouve.

Essa música é do Rodrigo Pareja, do YUSTEDES, e foi postada em todas as plataformas possíveis (Spotify, iTunes, Applemusic e nessas paradas todas) com um objetivo muito específico: o valor que for arrecadado com esta visualizações será todo revertido ao asilo Padre Cacique.

“Quando compus a música pensei em como eu seria se tivesse 80 anos e tivesse os poderes do Papai Noel… O que realmente eu precisaria cantar pras pessoas no natal? Inicialmente eu queria fazer isto em segredo. Para que a música sozinha pudesse resolver tudo. Mas como não tenho verba pra fazer uma campanha pra ela, decidi então pedir a ajuda abertamente”, explica Pareja, que gravou o vídeo em Gramado.

Então, é só dar o play quantas vezes for possível. Quanto mais visualizações tiver, mais será possível ajudar. “Vale dar play muitas vezes, pois o que as plataformas pagam é muito pouco”, alerta o artista.

Deixa de lado a tentação de ouvir a Simone perguntando o que a gente fez e põe pra rodar a música do Pareja, que tá lindimaaais e ainda vai ajudar uma porção de gente.

 

Sobre Pareja:

Rodrigo Pareja é panamenho radicado no Brasil. YUSTEDES é o nome de seu trabalho como cantautor, guitarrista e produtor. A mistura dos sotaques musicais do Panamá, do Brasil e do Uruguay resulta em um rock em espanhol que vai da pegada blues até MPB. Como uma celebração “a la paz de no tener banderas” (para a paz de não ter bandeiras, em tradução literal).